Denise Silva Marques
"Mudei muitas vezes em busca de um lar — sem perceber que minha casa sempre esteve entre meus dedos, na forma de fios."

Minha relação com a arte começou cedo, 1985, quando aos sete anos de idade peguei pela primeira vez uma agulha de crochê. Desde aquele momento, o entrelaçar de fios tornou-se uma forma de expressão, um processo que nunca abandonei. Anos depois, em 2021, enquanto trabalhava em uma molduraria, algo mudou profundamente em minha percepção. Ao observar os olhares admirados das pessoas para o meu trabalho, percebi que aquilo que eu fazia não era apenas funcional; era arte.
Essa epifania se consolidou quando criei um tapete especial que impactou uma cliente de tal forma que ela não conseguiu usá-lo como objeto do cotidiano. Em vez disso, pediu para enquadrá-lo, transformando-o em uma peça central de contemplação em sua casa. Esse momento foi um divisor de águas na minha trajetória: decidi que me comunicaria com o mundo através da arte.
A primeira exposição aconteceu em novembro de 2023, no Centro Brasileiro Britânico, onde apresentei uma coleção inspirada nos corais. Esses seres incríveis, que sempre me fascinaram, representam beleza, fragilidade e a interdependência da vida. A exposição foi um convite à reflexão sobre a delicada relação entre o ser humano e a natureza, e marcou oficialmente minha entrada no mundo das artes contemporâneas.
Minha arte é guiada por três pilares fundamentais: autenticidade, conexão e qualidade. Cada peça que crio carrega em si um pedaço da minha história e um convite para que cada pessoa a interprete de maneira única. Trabalho para garantir que minhas obras sejam produzidas com o mais alto padrão de execução, valorizando os materiais e a técnica.
Além disso, meu compromisso com os clientes é estabelecer uma relação de respeito e escuta. Entendo que a arte é um reflexo das emoções e das experiências humanas; por isso, procuro criar peças que ressoem profundamente com cada pessoa que as adquire.
O que me diferencia como artista é minha capacidade de transformar o comum em extraordinário. Utilizo o crochê — uma técnica tradicional muitas vezes vista como artesanal — como uma linguagem contemporânea, capaz de dialogar com questões atuais e despertar novas perspectivas. Minhas peças são mais do que objetos; são narrativas que exploram a beleza da natureza, as relações humanas e o poder da criação manual.
Cada fio entrelaçado conta uma história, cada detalhe é pensado para criar impacto e significado. Acredito que a arte deve emocionar, provocar reflexão e, acima de tudo, conectar. Essa é a essência do meu trabalho e o que me motiva a seguir trilhando esse caminho.
Denise Marques nasceu em São Paulo dia 05 de maio de 1978 ás 8:10 da manhã. É formada em Relações Públicas e pós graduada em Arte e Mercado.
Exposições
2025
TouchArt, Centro Brasileiro Britânico, São Paulo – SP
Exposição coletiva
2024
TouchArt, Centro Brasileiro Britânico, São Paulo – SP
Exposição coletiva
2023
TouchArt, Centro Brasileiro Britânico, São Paulo – SP
Exposição coletiva
Nem sempre foi arte
Sempre foi alma.
Coleções:


ANCESTRALIDADE
A coleção Ancestralidade é uma ode visual e tátil às raízes que nos conectam ao passado e à sabedoria transmitida através das gerações. Composta por cocares étnicos criados a partir de técnicas de macramê, crochê e desfiamento de fios, cada peça é uma manifestação da riqueza cultural de povos que, ao longo da história, transformaram o ato de tecer em uma linguagem universal.
Cada cocar da coleção é uma narrativa única. As tramas de macramê evocam a força das conexões entre os membros de uma comunidade, enquanto os pontos de crochê simbolizam o cuidado meticuloso com que tradições são mantidas vivas. O desfiamento de fios, por sua vez, representa o fluxo do tempo — as pontas soltas que se expandem e se entrelaçam, tal como as histórias que se espalham e ganham novas formas.
As cores usadas na coleção são profundas e simbólicas: tons terrosos lembram a fertilidade da terra e a estabilidade das raízes; azuis e verdes evocam os elementos água e ar, essenciais à vida; e os vermelhos vibrantes representam a energia vital, a paixão e o espírito de resistência. Esses tons harmonizam-se, criando uma paleta que reflete tanto a diversidade quanto a unidade das culturas que inspiraram as peças.
Os cocares de Ancestralidade transcendem o ornamento. Eles são talismãs de memória, honra e transformação. Cada peça carrega em si um fragmento de espiritualidade, uma conexão com o sagrado e um convite à reflexão sobre as heranças que moldam nossa identidade. Eles nos lembram que somos fios de uma teia maior, tecidos por mãos que vieram antes de nós e que continuam a moldar o presente.
Essa coleção é um chamado à reconexão com nossas raízes, um lembrete de que a ancestralidade não é apenas o passado, mas um elo vivo que pulsa em cada um de nós. Ao contemplar e vestir essas obras, somos convidados a reconhecer o valor das histórias que carregamos e a honrar a força do espírito humano que transforma memória em arte e tradição em legado.
Data: Novembro de 2024



FUNDO DO MAR
A coleção de obras de arte "Fundo do Mar", criada pela artista contemporânea Denise Marques, explora o universo marinho através do crochê, com uma abordagem única que mescla o lúdico e a efemeridade dos seres aquáticos. Em cada peça, Denise transforma o crochê, uma técnica artesanal tradicional, em uma forma de expressão artística rica e sensível, criando esculturas têxteis que capturam o dinamismo e a delicadeza da vida marinha.
As obras da coleção refletem a vivacidade dos animais marinhos, como peixes, corais e estrelas-do-mar, transmitindo um senso de movimento e fluidez que remete à experiência imersiva de estar debaixo d’água. No entanto, há um contraste implícito na fragilidade dessas peças, que remetem à vulnerabilidade e efemeridade desses ecossistemas. A escolha do crochê, com seus fios delicados e texturas maleáveis, intensifica essa percepção de transitoriedade, evocando a ideia de que a beleza e diversidade dos oceanos estão ameaçadas.
Data: Maio de 2024



POROS
Há corpos que não se movem, mas habitam. Presenças silenciosas que se fixam ao mundo sem pressa, sem ruído — apenas sendo.
"Poros" mergulha nesse estado de quietude compartilhada, onde cada forma arredondada e enrugada se assemelha a uma esponja do mar: séssil, viva, atenta.
As texturas porosas criadas em crochê, com linhas em tons crus e terrosos, evocam superfícies que parecem ter sido moldadas pela água e pelo tempo. Há algo de pele, de coral, de segredo guardado em cada uma delas.
Esses seres têxteis sugerem uma sociedade subterrânea e submersa — onde cada um, em sua imobilidade, guarda pensamentos próprios, murmúrios internos que nunca ecoam em voz alta.
"Poros" é uma cartografia dos vazios, das ausências que também ocupam espaço. Um convite a contemplar o que pulsa mesmo quando não se move, a ouvir o que não faz som.
Data: Março de 2025



A VIDA
A coleção de obras de arte "A Vida", criada pela artista contemporânea Denise Marques, explora a complexidade e sutileza do corpo humano, especialmente o feminino, por meio da técnica do crochê. Em uma abordagem sensível e subjetiva, Denise transforma o crochê em uma ferramenta poderosa de reflexão sobre o corpo, evocando suas formas e nuances de maneira abstrata, mas profundamente conectada à essência da feminilidade.Portais. Sejam eles vindos diretos da ficção, reais ou não, estão diretamente conectados a nossa existência e são o nosso ponto de partida para refletirmos sobre a questão ponderada por Denise: "afinal, de onde viemos?"
Data: Maio de 2024



Mandalas de Areia
Mandalas de Areia é uma coleção viva e em constante expansão de mandalas em crochê, onde cada peça é inspirada por um deserto real do mundo. Através do fio e do tempo, cada mandala nasce com o nome de um deserto e carrega em sua trama a cor única da areia daquele lugar — do dourado intenso do Saara ao tom rosado do deserto de Atacama, passando pelo branco quase surreal do Deserto da Antártida.
Mais do que uma homenagem à natureza árida e sublime, esta coleção propõe uma meditação sobre o tempo, a paciência e a beleza do efêmero — assim como os monges tibetanos fazem com as mandalas de areia. Aqui, o crochê substitui os grãos, mas o gesto é o mesmo: repetitivo, contemplativo, ritualístico.
Cada mandala é feita à mão com fios de algodão e materiais naturais, seguindo um processo lento e intuitivo, onde os padrões circulares surgem organicamente, guiados pelo espírito do deserto que a inspirou.
Mandalas de Areia pode ser vivida como arte para contemplação, decoração ou como um portal silencioso para a introspecção.
Data: Maio de 2024



Tensão
Nesta coleção, o crochê se reinventa em fios de arame — estruturas metálicas entrelaçadas com precisão quase cirúrgica. Cada ponto é uma decisão de força e contenção. O que antes era macio, agora vibra em tensão. O que antes se moldava à mão com delicadeza, agora exige cálculo, firmeza, coragem.
Os fios parecem à beira do rompimento, como se cada volta do crochê desafiasse o próprio material a permanecer inteiro. Há uma eletricidade no ar — como se as obras respirassem, vivas, sustentadas por uma tensão invisível prestes a se soltar. E, no entanto, é impossível não sentir segurança ao encará-las. A estrutura metálica sustenta mais do que formas: ela sustenta a promessa de resistência.
"Tensão Contida" convida o olhar a percorrer linhas que oscilam entre fragilidade e potência. São obras que vivem no limiar — do colapso e da permanência, da dor e da força, do caos e do controle. Um crochê de aço, onde cada ponto carrega o peso da forma e a leveza do gesto.
Data: Maio de 2025
